Ao abençoar imagem de Nossa Senhora restaurada por iniciativa popular, Papa diz que caridade não é só filantropia
O Papa Bento XVI esteve na manhã desta quinta-feira no bairro romano de Monte Mario para abençoar a grande estátua de Nossa Senhora, "Salus populi romani" (saúde do povo romano), também conhecida como Madonnina, restaurada e recolocada em seu lugar de origem após uma queda gerada por um forte temporal na noite de 12 de outubro de 2009 ter provocado danos em sua estrutura.
Na sua chegada, Bento XVI foi recebido pelo Superior-geral dos Orionitas, Padre Flavio Peloso; pelo prefeito de Roma, Gianni Alemanno, e por outros representantes de instituições e associações.
Queridos irmãos e irmãs,
Quero, em primeiro lugar, saudar cordialmente a todos vós, aqui reunidos para o significativo evento de hoje. Sobre esta colina, volta a cuidar de nossa cidade a majestosa estátua de Nossa Senhora, derrubada há alguns meses pela fúria do vento. Saúdo, em primeiro lugar, o Cardeal Vigário Agostino Vallini e os Bispos presentes. Um pensamento especial destino a padre Flavio Peloso, re-eleito à guia da Obra Dom Orione, e agradeço-lhe pelas gentis palavras que quis dirigir-me. Estendo essa saudação aos religiosos participantes no 13º Capítulo Geral, àqueles que trabalham nesta Instituição ao serviço dos jovens e dos sofredores e à toda a família espiritual orionita.
Acolhi de bom grado o convite a unir-me a vós para render homenagem a Maria Salus Populi Romani, retratada nesta maravilhosa estátua, tão cara ao povo romano. Estátua que é memória de eventos dramáticos e providenciais, escritos na história e na consciência da Cidade. De fato, ela foi colocada na colina de Monte Mario em 1953, como cumprimento de um voto popular manifestado durante a Segunda Guerra Mundial, quando as hostilidades e armas faziam temer pelo destino de Roma. Das obras romanas de Dom Orione partiu, em seguida, a iniciativa de recolher assinaturas para um voto à Nossa Senhora, ao qual aderiu mais de 1 milhão de cidadãos. O Venerável Pio XII acolheu a devota iniciativa do povo que se confiava a Maria e o voto foi pronunciado em 4 de junho de 1944, diante da imagem de Nossa Senhora do Divino Amor. Exatamente naquele dia, houve a pacífica liberação de Roma. Como não renovar também hoje convosco, queridos amigos de Roma, aquele gesto de devoção a Maria Salus Populi Romani, abençoando esta bela estátua?
Os Orionitas a quiseram grande e colocada no alto, acima da cidade, para render homenagem à santidade excelsa da Mãe de Deus, a qual, humilde na terra, "foi exaltada sobre os coros angelicais nos reinos celestes" (Gregorio VII, Ad Adelaide di Ungheria), e para tornar-se, conjuntamente, um sinal de familiar presença na vida cotidiana. Maria, Mãe de Deus e nossa, esteja sempre acima de vossos pensamentos e afetos, amável conforto das vossas almas, guia segura das vossas vontades e apoio de vossos passos, inspiradora convincente da imitação de Jesus Cristo.
A "Madonnina" [Nossa Senhorinha] - como amam chamá-la os romanos -, no gesto de olhar do alto os lugares da vida familiar, civil e religiosa de Roma, proteja as famílias, inspire bons propósitos, incite em todos desejos de céu. "Olhar ao céu, orar e, em seguida, avançar com coragem e trabalhar. Ave Maria e avante!" - exortava São Luís Orione.
No seu voto a Nossa Senhora, os romanos prometeram, além de oração e devoção, também compromisso nas obras de caridade. Por sua parte, os Orionitas realizaram neste Centro de Monte Mario, ainda antes da estátua, o acolhimento de mutilados e órfãos. O programa de São Luís Orione - "Somente o amor salvará o mundo" - teve aqui uma significativa realização e tornou-se um sinal de esperança para Roma, juntamente à Madonnina posta sobre a colina.
Queridos irmãos e irmãs, herdeiros espirituais do Santo da Caridade, Luís Orione! O Capítulo Geral, que terminou há pouco tempo, teve como tema esta expressão cara ao vosso Fundador, "Somente o amor salvará o mundo". Abençôo o propósito e as decisões que foram adotadas para relançar aquele dinamismo espiritual e apostólico que sempre deve distinguir-vos.
Dom Orione viveu de modo lúcido e apaixonado a missão da Igreja de viver o amor para fazer entrar no mundo a luz de Deus (cf. Deus Caritas Est, n. 39). Ele deixou tal missão a seus discípulos, como via espiritual e apostólica, convencido de que "o amor abre os nossos olhos à fé e aquece os corações pelo amor a Deus". Continuai, queridos Filhos da Divina Providência, sobre esta via carismática por ele iniciada, porque, como ele dizia, "o amor é a melhor apologia da fé católica", "o amor arrasta, o amor move, conduz à fé e à esperança" (Verbali, 26.11.1930, p.95).
As obras de caridade, sejam como atos pessoais ou serviços às pessoas vulneráveis oferecidos por grandes instituições, não podem nunca ser reduzidas a gesto filantrópico, mas devem sempre ser expressão tangível do amor providente de Deus. Para fazer isso - recorda padre Orione -, deve-se estar "mesclado à caridade suavíssima de Nosso Senhor" (Scritti 70, 231) mediante uma vida espiritual autêntica e santa. Somente assim é possível passar das obras de caridade à caridade das obras, pois - adicione o vosso Fundador - "também as obras sem a caridade de Deus, que as valorizam diante d'Ele, são inúteis" (Alle PSMC, 19.6.1920, p.141).
Queridos irmãos e irmãs, obrigado novamente por vosso convite e vossa acolhida. Acompanha-vos todos os dias a materna proteção de Maria, que conjuntamente invocamos a todos os envolvidos neste Centro e para toda a população romana e, enquanto a cada um asseguro a minha orante recordação, com afeto abençôo a todos vós.